Vicente Falconi responde – Bater metas pode ser um problema?

1 – Sou diretor de uma grande empresa familiar e ouço com frequência dos donos que, se um executivo sempre bate suas metas, algo está errado com o sistema. Eles também dizem que mais importante do que superar metas é buscar o bem da empresa, como se elas não refletissem esse objetivo. Nas entrelinhas, a mensagem é: bater metas pode ser um problema, não batê-las pode não ser um problema. Como acabar com esse contrassenso? Anônimo

Meta é o que há de mais importante para impulsionar o desenvolvimento tanto de empresas como de pessoas. É o início e o fim da liderança. Mas há um detalhe importantíssimo: estabelecer uma meta não é tão fácil quanto possa parecer. Muita gente ainda pensa que basta colocar um número que pareça bom no papel e torcer para que tudo dê certo no fim do ano.

Esse tipo de amadorismo faz com que situações como a descrita por você ainda aconteçam com certa frequência dentro das empresas. Ninguém sabe para que as metas servem nem quando valeu a pena tê-las cumprido.

Vicente Falcone
Vicente Falcone

Bem, quais são as condições para estabelecer uma me­ta e garantir que ela cumpra seus objetivos? Vamos às principais delas. Em primeiro lugar, deve servir pa­ra ajudar a atingir o foco empresarial naquele ano — definido pelo presidente executivo e geralmente aprovado pelo conselho de administração.

Por exemplo: uma meta inicial bastante comum é a melhora da geração de caixa da empresa. Cada meta desdobrada a partir do fo­co deve ser estabelecida sobre os indicadores certos. Caso vo­cê escolha a geração de caixa, os indicadores devem ser aqueles principais aspectos da operação que formam ou influenciam a geração de caixa.

As metas devem ainda ser calculadas a partir do levantamento das lacunas — as oportuni­da­des de ganho de cada indicador diante do próprio históri­co da companhia e das referências existentes no mercado.

Finalmente, cada meta tem de ser negociada com cada pessoa. Todos devem ter metas com as quais concordam — mas sempre sentir um certo frio na barriga ao recebê-las. É daí que vai nascer a motivação para buscar resultados cada vez melhores.

Depois de estabelecer as metas, ainda é preciso desenhar planos de ação que conduzam aos resultados desejados. Cada meta tem de ter seu respectivo plano de ação — e cada nível hierárquico tem de ter seu desdobramento desse plano. Muita gente acha que sabe fazer tudo isso, mas não é tão intuitivo assim.

Exige uma certa ciência e atenção até que se torne algo rotineiro dentro de uma companhia. E é muito comum que as pessoas subestimem a dificuldade envolvida.Certa vez, num projeto desse tipo, uma empresa queria que nós fizéssemos somente o desdobramento das metas, e os executivos fariam sozinhos os planos de ação. Antes de aceitar a proposta, propusemos a eles a realização de um diagnóstico para saber se os cerca de 1 000 executivos da empresa sabiam mesmo fazer os tais planos de ação.

Depois do diagnóstico, constatamos que 70% deles nunca tinham feito um plano de ação sequer na vida. Assim é a realidade. Em sua empresa, falam que “mais importante do que superar as metas é executar ações que busquem o bem da empresa”. Para mim, é nítido que não estabeleceram metas para “o bem da empresa” nem sabem o que é um plano de ação.

Por Vicente Falconi em Exame.com

http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1016/noticias/bater-metas-pode-ser-um-problema

Vicente Falconi é considerado por muitos com o o Guru do Brasil. Sou admirador do trabalho dele e divulgo este artigo que foi publicado na Exame.com. Segue abaixo o perfil dele publicado na Wikipedia.

Vicente Falconi (Niterói) é um consultor em gestão e escritor brasileiro.

Vicente Falconi Campos nasceu em 1940, em Niterói/RJ. Graduou-se em Engenharia pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (1963) e M.Sc. e Ph.D em Engenharia pela Colorado School of Mines (USA) (1968 e 1972). Foi Professor de Engenharia na UFMG de 1964 a 1992, tendo sido agraciado pela Universidade com o título de Professor Emérito. Trabalhou durante muitos anos com os japoneses da Union of Japanese Scientistis and Engineers (JUSE) em empresas brasileiras. É sócio fundador e consultor do Instituto de Desenvolvimento Gerencial – INDG.

Foi membro da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (2001) e reconhecido pela American Society for Quality como “Uma das 21 vozes do Século 21”. Recebeu homenagens do Governo Federal Brasileiro (Medalha Rio Branco e Medalha do Conhecimento), do Governo de Minas Gerais e do município de Belo Horizonte/MG.

Publicou seis livros na área de Gestão Empresarial que venderam mais de um milhão de exemplares.

Obra

  • O Verdadeiro Poder – Práticas de Gestão que Conduzem a Resultados Revolucionários
  • Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia-a-Dia
  • Qualidade Total – Padronização de Empresas
  • TQC – Controle da Qualidade Total
  • O Valor dos R.H. na Era do Conhecimento
  • Gerenciamento pelas Diretrizes
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